O Império Romano – Parte 2
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30 Março, 2020
O Império Romano (parte 1)
O Império Romano foi um dos maiores da História e dominava uma extensão territorial contínua ao longo da Europa, Norte de África e Médio Oriente, desde a muralha de Adriano na chuvosa Inglaterra até às margens soalheiras do rio Eufrates na Síria, desde as planícies férteis da Europa Central até às luxuriantes margens do vale do Nilo no Egito. A noção de “Imperium sine fine” (“Império sem fim”) manifestava a ideologia romana de que o seu império não era limitado no espaço e no tempo. A maior parte da expansão romana ocorreu durante a república, embora algumas partes do norte e centro da Europa tenham sido conquistadas no século I d.C., período que corresponde à consolidação do poder romano nas províncias. A Res Gestae, narrativa das conquistas de Augusto, destacava o número de povos e regiões do império. A administração imperial realizava frequentemente censos e mantinha registos geográficos meticulosos.
O império atingiu a sua maior extensão territorial durante o reinado de Trajano (imperador de 98–117), correspondente a uma área de cerca de cinco milhões de quilômetros quadrados e atualmente repartida por quarenta países. A população deste período é tradicionalmente estimada entre 55 e 60 milhões de habitantes, o que correspondia a entre 1/6 e 1/4 da população mundial e à maior população de qualquer unidade política do Ocidente até meados do século XIX. No entanto, estudos mais recentes têm estimado um pico demográfico entre 70 e 100 milhões de habitantes. Cada uma das três maiores cidades do império — Roma, Alexandria e Antioquia — tinham o dobro do tamanho de qualquer cidade europeia durante o início do século XVII. Adriano, o sucessor de Trajano, abandonou a política expansionista e optou por uma política de consolidação do território, definindo, fortificando e patrulhando as regiões de fronteira.
A república que o antecedeu ao longo de cinco séculos encontrava-se numa situação de elevada instabilidade, na sequência de diversas guerras civis e conflitos políticos, durante os quais Júlio César foi nomeado ditador perpétuo e assassinado em 44 a.C.
As guerras civis culminaram na vitória de Otávio, filho adotivo de César, sobre Marco António e Cleópatra na batalha de Áccio em 31 a.C. Detentor de uma autoridade inquestionável, em 27 a.C. o senado romano atribuiu a Otávio poderes absolutos e o novo título Augusto, assinalando desta forma o fim da república.
O período imperial prolongou-se por cerca de 500 anos. Os primeiros dois séculos foram marcados por um período de prosperidade e estabilidade política sem precedentes denominado Pax Romana. Na sequência da vitória de Augusto e da posterior anexação do Egito, a dimensão do império aumentou consideravelmente. Após o assassinato de Calígula em 41 d.C., o senado considerou restaurar a república, o que levou a guarda pretoriana a proclamar Cláudio imperador. Durante este período, assistiu-se ao maior alargamento do império desde a época de Augusto. Após o suicídio de Nero em 68, teve início um breve período de guerra civil, durante o qual foram proclamados imperadores quatro generais. Em 69, Vespasiano triunfou sobre os restantes, estabelecendo a dinastia Flaviana. O seu filho, Tito, inaugurou o Coliseu de Roma, pouco após a erupção do Vesúvio. Após o assassinato de Domiciano, o senado nomeou o primeiro dos cinco bons imperadores, período durante o qual o império atingiu o seu apogeu territorial no reinado de Trajano.
O assassinato de Comodo em 192 desencadeou um período de conflito e declínio denominado ano dos cinco imperadores, do qual Septímio Severo saiu triunfante. O assassinato de Alexandre Severo, em 235, levou à crise do terceiro século, durante a qual o senado proclamou 26 imperadores ao longo de cinquenta anos. A imposição de uma Tetrarquia proporcionou um breve período de estabilidade, embora no final tenha desencadeado uma guerra civil que só terminou com o triunfo de Constantino em relação aos rivais.
Agora único governante do império, Constantino mudou a capital para Bizâncio, rebatizada Constantinopla em sua honra, a qual permaneceu capital do oriente até 1453. Constantino também adotou o cristianismo, que mais tarde se tornaria a religião oficial do império. A seguir à morte de Teodósio, o domínio imperial entrou em declínio como consequência de abusos de poder, guerras civis, migrações e invasões bárbaras, reformas militares e depressão econômica. A deposição de Romulo Augusto por Odoacro é o evento geralmente aceito para assinalar o fim do império ocidental. No entanto, o Império Romano do Oriente prolongou-se por mais um milênio, tendo sido conquistado pelo Império Otomano em 1453.
O Império Romano foi uma das mais fortes potências econômicas, políticas e militares do seu tempo. Foi o maior império da antiguidade Clássica e um dos maiores da História. A longevidade e extensão do império proporcionaram uma vasta influência na língua, cultura, religião, técnicas, arquitetura, filosofia, lei e formas de governo dos estados que lhe sucederam. Ao longo da Idade Média foram feitas diversas tentativas de estabelecer sucessores do Império Romano, entre as quais o Império Latino e o Sacro Império Romano-Germânico. A expansão colonial europeia, entre os séculos XV e XX, difundiu a cultura romana a uma escala mundial, desempenhando um papel significativo na construção do mundo contemporâneo.
A expansão romana teve início no século VI a.C., pouco após a fundação da república. No entanto, somente no século III a.C. é que Roma iniciou a anexação de províncias fora da península itálica, quatro séculos antes de alcançar a sua maior extensão territorial e, nesse sentido, constituía já um “império”, apesar de ainda ser governado enquanto república. A República Romana não era um estado-nação no sentido contemporâneo do termo, mas antes uma rede de cidades, cada uma com diferente grau de autonomia em relação ao senado romano. As províncias republicanas eram administradas por antigos cônsules e pretores, eleitos para um mandato de um ano. O poder militar dos cônsules tinha como base a noção jurídica de “imperium”, ou comando militar. Ocasionalmente, os cônsules bem-sucedidos eram agraciados com o título “imperatore” (comandante), o qual está na origem do termo “imperador”.
A partir do final do século II a.C., ao mesmo tempo que Roma vivia uma série de conflitos internos, conspirações e guerras civis, a sua influência alargou-se para além de Itália. O século I a.C. foi um período de instabilidade, marcado por diversas revoltas políticas e militares que abriram caminho para a implementação de um regime imperial. Em 44 a.C., Júlio César foi aclamado ditador perpétuo antes de ser assassinado. No ano seguinte, Otávio (futuro Augusto), sobrinho-neto e filho adotivo de César e um dos mais destacados generais republicanos, tornou-se um dos três membros do Segundo Triunvirato — uma aliança política com Lépido e Marco António. A divisão do império entre António e Otávio foi efémera. As tensões entre ambos no período que se seguiu à Batalha de Filipos (42 a.C.) levaram à dissolução do triunvirato em 32 a.C. e ao confronto na Batalha de Áccio (31 a.C.), da qual Marco António e a rainha Cleópatra saíram derrotados. O subsequente confronto em Alexandria (30 a.C.) proporcionou a anexação do Reino Ptolemaico por Otávio.
Em 27 a.C., o Senado e Povo de Roma proclamaram Otaviano príncipe com imperium proconsular e o título Augusto (em latim: augustus , “o venerado”). Este evento assinala o início do Principado, a primeira época do período imperial entre 27 a.C. e 284 d.C. O governo de Augusto pôs fim a um século de guerra civil, dando início a uma época sem precedentes de estabilidade social, prosperidade econômica e Pax Romana (“paz romana”), que se prolongou durante os dois séculos seguintes. As revoltas nas províncias eram pouco frequentes e rapidamente controladas. Sendo agora o único governador de Roma, Augusto iniciou uma série de reformas militares, políticas e econômicas em larga escala. O senado atribuiu-lhe o poder de nomear os próprios senadores e autoridade sobre os governadores de província, criando de fato o cargo que mais tarde seria denominado imperador.
Augusto implementou princípios de sucessão dinástica, sendo sucedido na dinastia Júlio-Claudiana por Tibério (imperador de 14–37), Calígula (imperador de 37–41), Cláudio (imperador de 41–54) e Nero (imperador de 54–68). No ano de 54, Roma foi assolada por um grande incêndio e no ano de 68 Nero suicidou-se sem deixar sucessores. Em 69 d.C., durante o ano dos quatro imperadores, Vespasiano (imperador de 69–79) ascendeu ao poder e fundou a efémera dinastia Flaviana, muito lembrada pela construção do Coliseu, sucedida pela dinastia Nerva-Antonina e da qual fizeram parte os imperadores Nerva (imperador de 96–98), Trajano (imperador de 98–117), Adriano (imperador de 117–138), Antonino Pio (imperador de 138–161) e Marco Aurélio (imperador de 161–180). Em 212, durante o reinado de Caracala (211–217), foi concedida cidadania romana a todos os cidadãos livres do império. Mas apesar deste gesto de universalidade, a dinastia severa foi marcada por vários tumultos ao longo da crise do terceiro século, uma época de invasões, agitação social, dificuldades econômicas e peste. No contexto da periodização da História, esta crise é geralmente considerada o momento de transição entre a Antiguidade Clássica e a Antiguidade Tardia.
Diocleciano (imperador de 284–305) renunciou ao papel de príncipe e adotou o título domine (mestre ou lorde), marcando a transição do principado para o dominato — um estado de monarquia absoluta que se prolongaria desde 284 até à queda do Império Romano do Ocidente em 476. Diocleciano impediu o colapso do império, embora o seu reinado tenha sido marcado pela perseguição ao cristianismo. Durante o seu reinado, o império foi dividido numa Tetrarquia de quatro regiões, cada uma governada por um imperador distinto. Em 313, a tetrarquia entrou em colapso. Após uma série de guerras de sucessão, Constantino (imperador de 306–337) emergiu como único imperador e o primeiro a converter-se ao cristianismo, estabelecendo Constantinopla como capital do Império do Oriente. Ao longo das dinastias “Constantina” e “Valentiniana”, o império encontrava-se dividido numa metade ocidental e outra oriental, sendo o poder partilhado por Roma e por Constantinopla. A sucessão de imperadores cristãos foi brevemente interrompida por Juliano (imperador de 361–363), que tentou restaurar as religiões romana e helenística. Teodósio I (imperador de 378–395), o último imperador a governar o império oriental e ocidental, morreu em 395, após ter decretado o cristianismo a religião oficial do império.
A partir do início do século V o Império Romano começou a fragmentar-se, uma vez que o elevado número de migrações dos povos germânicos era superior à capacidade do império em assimilar os migrantes. Embora o exército romano fosse eficaz a repelir os invasores, o mais notável dos quais Átila, o Huno (reinado de 434–453), o império tinha assimilado de tal forma povos germânicos com lealdade duvidosa a Roma que o império se começou a desmembrar a partir de si próprio. A maior parte dos historiadores data a Queda do Império Romano do Ocidente em 476, ano em que Romulo Augusto (imperador de 475–476) foi deposto pelo líder hérulo Odoacro (imperador de 476–493). No entanto, em vez de assumir para si o título de imperador, Odoacro submeteu-se ao domínio do Império Romano do Oriente, terminando assim a linha de imperadores ocidentais. Ao longo do século seguinte, o império oriental, conhecido atualmente como Império Bizantino, foi perdendo progressivamente o domínio da parte ocidental. O Império Bizantino terminou em 1453, com a morte de Constantino XI (reinado de 1449–1453) e a conquista de Constantinopla pelo Império Otomano.
Ainda hoje pelas ruas de Roma encontramos diversas placas com a sigla SPQR, que significa: Senatus Populusque Romanus, ou seja, “O Senado e o Povo Romano”.
No próximo artigo continuaremos sobre o Império Romano.
Fonte: Wikipedia e texto pessoal.
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